Baseado nos relatos originais em italiano (https://gloria.tv/text/dKCx3PXdHdXvKKPjuqMnNRPew) e espanhol (http://www.siame.mx/apps/info/p/?a=4815&z=2).
Tradução: Ana Cândida Tocheton Cristofoletti
Houve um evento no dia 31 de janeiro de 1906 em Tumaco, pequeníssima ilha pertencente à Colômbia, situada na parte ocidental do país e banhada pelo Oceano Pacífico. Na época, os Padres Gerardo Larrondo di San José e Julián Moreno di San Nicolás di Tolentino estavam ali designados como sacerdotes missionários, cuidando das almas dos fiéis daquela localidade.
Naquele dia 31 de janeiro estavam ambos em oração quando, por volta de dez horas da manhã, teve início um grande tremor de terra, o qual, pelos cálculos do padre Larrondo, durou cerca de dez minutos, e de tão intenso jogou por terra todas as imagens da igreja. A população da ilha foi tomada pelo pânico, e em meio a um tumulto lotou a Igreja e seus arredores, chorando e implorando aos padres para que organizassem imediatamente uma procissão na qual as imagens derrubadas pelo terremoto seriam levadas em andores improvisados.
Enquanto os dois fervorosos ministros do Senhor encorajavam e consolavam os paroquianos, dizendo que não havia motivo para aquele pânico que havia se abatido sobre todos, notaram que, como consequência do grande tremor de terra, o mar estava afastando-se da praia, deixando a seco aproximadamente um quilômetro e meio do terreno que até então era coberto pelas águas.
A população local sabia que, quando a água recua rapidamente da praia para o mar, o faz para acumular-se e formar uma onda de grandes proporções. Naquele momento, então, todos souberam que uma onda gigante viria sobre Tumaco, destruindo tudo em sua passagem. Tomado pelo terror, o padre Larrondo correu para dentro da Igreja em direção ao altar e consumiu rapidamente as pequenas hóstias consagradas que estavam guardadas no sacrário. Manteve em suas mãos apenas a Hóstia Magna e saiu da Igreja com a âmbula em uma das mãos e na outra Cristo Sacramentado, exclamando:
Venham, meus filhos, andemos todos para a praia; e que Deus tenha piedade de nós!
Comovidos pela presença de Jesus e pela atitude confiante de seu ministro, caminharam todos chorando e clamando que a Divina Majestade tivesse-lhes piedade e misericórdia. O rosto tenso dos moradores locais contrastava com a segurança do religioso, e aquela fé foi transmitida até ao mais incrédulo. Naquela procissão que ia ao encontro do mar enfurecido, iam também as imagens dos santos em seus andores.
Haviam-se passado poucos minutos desde que o Padre Larrondo chegara à praia, e aquela montanha de água começava a mover-se de volta à terra, na direção deles. A água avançava como uma impetuosa enchente, sem que qualquer força humana fosse capaz de detê-la. Aquela onda gigantesca ameaçava devastar o povoado de Tumaco em instantes.
No entanto, o fervoroso padre não se intimidou, desceu convicto na areia colocando-se a um passo das águas, e no mesmo instante em que a onda estava chegando levantou com mãos firmes e com o coração cheio de fé a Hóstia Consagrada à vista de todos, e traçou com ela no ar o Sinal da Cruz. Momento solene! Espetáculo sublime! A onda avançou um pouco mais, e sem tocar no Cálice Sagrado, bateu no ministro alcançando apenas a cintura. Todo o povo começou a exclamar: Milagre! Milagre! Viva Jesus Sacramentado!
Aquela onda havia sido contida instantaneamente, e a enorme montanha de água, que ameaçava varrer da face da Terra todo o povoado de Tumaco, iniciava seu movimento de volta, para desaparecer mar adentro, recobrando seu estado e níveis normais. O Pe. Larrondo retornou à Igreja e colocou a Hóstia no Ostensório, saindo em solene procissão pelas ruas do povoado e arredores da aldeia, levando Sua Majestade com todas as pompas e esplendor antes de levá-lo de volta ao Templo, de onde havia sido retirado de maneira tão precipitada naqueles momentos dramáticos.
O terremoto não sacudiu apenas Tumaco, mas grande parte da Costa do Pacífico. Aquela onda causou grande danos e destruição em outros pontos da Costa do Pacífico, que foram arrasados. O Padre Bernardino García della Concezione encontrava-se, naquele momento, na Cidade do Panamá, e relatou: “No Panamá, a maré estava baixa e inesperadamente veio uma maré alta e inundou o Porto, inundando o mercado e jogando ali dentro vários tipos de embarcações; as pequenas embarcações que estavam em terra seca foram jogadas a grande distância, muitos foram os danos e desgraças.”
Foi possível, então, compreender a graça que Deus concedeu ao povoado cristão de Tumaco, que se encontra no mesmo nível do mar, e que certamente sem a intervenção divina teria sido dizimado.